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Férias escolares e uso de celular: alerta aos pais

Por João Artur Etz Jr, médico oftalmologista e presidente da Associação Catarinense de Oftalmologia. Uma cena cada vez mais comum em nossa sociedade é vermos as crianças e adolescentes com os olhos vidrados nos celulares e tablets, muitas vezes por horas a fio. Em período de férias escolares, sem os livros e a rotina de estudos, o uso destes aparelhos tende a ser mais intensivo e isso merece atenção especial dos pais. Para nossos olhos, essa exposição contínua às telas causa, além do desconforto, uma fadiga visual, que pode resultar em casos cada vez mais precoces de miopia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente um guia no qual recomenda que crianças entre 2 e 5 anos passem, no máximo, uma hora dia diante das telas - seja celular, tablet, computador ou televisão. Essa recomendação se deve ao fato de que o número de pessoas com miopia (uma doença que costuma ser identificada ainda na infância e na adolescência) está crescendo a cada ano. Nos próximos 30 anos cerca de um bilhão de pessoas terão alta miopia e poderão desenvolver degeneração macular miópica. Porém, há formas de conter o avanço dessa doença. O uso de um colírio pode diminuir a progressão em torno de 50% a 60% dos casos dependendo da idade, do grau e de quando se inicia o tratamento. A exposição à luz solar, associando atividades outdoor por um período de duas horas diárias também ajuda a diminuir a progressão da doença em 20% a 25%. É importante lembrar que a miopia vai piorando com a idade, obrigando os pacientes a fazer um acompanhamento regular de seu grau de deficiência e trocar óculos e lentes de contato. Quem tem deficiência visual superior a 5 graus começa a ter um risco maior de outros problemas, como glaucoma e descolamento de retina, o que pode significar a perda definitiva da visão. É preciso limitar o uso do celular, especialmente em crianças. E mesmo adultos precisam ter alguns cuidados, como descansar três minutos em cada 20 de uso das telas, para relaxar a acomodação excessiva que é um dos mecanismos envolvidos na progressão da doença. As campanhas de educação em saúde ocular, portanto, devem focar primordialmente em mudanças ambientais e comportamentais.

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